segunda-feira, 4 de setembro de 2017

PREVENDO O PERIGO

(Foto: Carlos E. L. Ferreira)
Estudo tenta descobrir que espécies de peixes podem entrar em risco de extinção

“Melhor prevenir do que remediar”, dizia a sua avó. Já pensou se fosse possível descobrir que uma espécie pode entrar em risco de extinção antes mesmo de ela se encaixar nessa categoria? Pois pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveram um modelo que pode prever se uma espécie é vulnerável, ou seja, se ela pode entrar na lista de espécies em risco de extinção.

O mero é uma espécie de grande porte e está ameaçado de extinção. Ele é protegido por lei e sua pesca é proibida na costa brasileira.

Segundo a bióloga Mariana Bender, a ideia do estudo era entender o estado de conservação das espécies de peixes que vivem em recifes de coral brasileiros e descobrir se elas estariam ou não vulneráveis. “A importância de prever essa vulnerabilidade é indicar que fatores podem levar uma espécie ao risco de extinção”, explica.

Os pesquisadores avaliaram, então, 559 espécies. Eles juntaram as características biológicas desses peixes – como tamanho, tipo de alimentação e aspectos da reprodução – e informações sobre as ameaças presentes no ambiente, como a pesca predatória.

“Comparando os dados de vários peixes, o estudo buscou encontrar as características mais comuns entre as espécies ameaçadas de extinção”, conta Mariana. Com isso, os cientistas esperavam identificar espécies que têm as mesmas características de vulnerabilidade, mas que ainda não faziam parte de nenhuma lista de animais ameaçados de extinção.

(Foto: Carlos E. L. Ferreira)

Os peixes de grande porte, como o badejo-quadrado, são os mais procurados pela pesca predatória. Além disso, demoram mais para chegar à vida adulta e entrar na fase de reprodução

Entre as espécies mais vulneráveis atualmente estão peixes de grande porte, como tubarões, raias e o grupo das garoupas e badejos. Eles demoram mais para crescer e atingir a idade adulta para a reprodução, além de serem muito procurados pela pesca predatória. A pesca também ameaça peixes pequenos e coloridos, capturados para serem vendidos em lojas de aquários.

Para Mariana, os resultados da pesquisa podem ajudar a traçar planos para preservar as espécies de recifes brasileiros. Além disso, pesquisadores de outros países podem usar o estudo para avaliar as espécies de outras regiões de recifes, como o Caribe. “O estudo pode indicar que espécies de peixes devem receber atenção especial e servir como exemplo de aplicação das características das espécies para compreender melhor sua vulnerabilidade”.

Ramon Ventura
Fernanda Távora.
Revista CHC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário